No inicio dos anos noventa Alan Moore estava com a carreira em decadência a olhos vistos, até que tomou uma decisão que desagradou seus fãs, foi trabalhar na recém-criada Image Comics.
Suas histórias mais sofríveis foram lançadas por esta editora, incluiam personagens como "Wildcats", "Glory" e "Spawn", neste último ainda contou com seu companheiro de revolução Frank Miller.
Todas estas histórias foram tremendamente criticadas e Moore certa vez declarou que "esta fase não representava uma regressãom em sua carreira, que só queria escrever histórias mais simples, para garotos de 13 anos e não adultos de 30".
Seus dois únicos trabalhos relevantes na editora de Rob Liefeld e Jim Lee, foram "Supremo" e "1963".
Tanto em Watchmen quanto em Miracleman, Moore controi uma história que desmistifica o conceito de herói, e depois do sucesso, isto virou "moda" nas HQs americanas. Todos queriam fazer um novo Watchmen.
Porém, tanto em Supremo, quanto em 1963, Moore fez exatamente o contrário, mostrou que não era necesário fazer um "novo Watchmen" para ser uma boa história, que os super-heróis não precisam necessariamente serem sombrios e violentos para serem bons.
As duas série são nostálgicas e, consequentemente, homenagens as antigas HQs.
Em "Supremo", Moore transforma o que era um plagio do Superman, nas histórias definitivas do personagem, o nome é outro, mas todos sabem que aquele ali é o Superman de Alan Moore. Calcada na Era de Ouro das HQs, com inúmeras homenagens aos grandes criadosres, mais principalemnte ao maior ídolo de Moore, Jack Kirby.
Em "1963", uma HQ metalinguística , Moore cria uma editora ficticia, onde ele é o principal escritor.
Toda a série é uma grande homenegem a Era de Prata da Marvel e a Stan Lee, Moore se transforma em um personagem que representa o própio Lee. O autor chega a publicar propagandas, semelhantes as que eram publicadas nas revistas Marvel da década de 60.Infelizmente "1963" ficou incompleta.
Mais ou menos na época em que completou 40 anos, Moore resolveu polemizar, se auto-declarou um mago, e disse a extinta revista "General" que todos os seus trabalhos foram escritos com o auxílio de drogas psicodélicas (Cogumelo ou LSD).
Passando a viver com Melinda Gebbie, Moore iniciou uma carreira de ator teatral, interpetrou as peças "The Birth Caul" e "Snakes and Ladders", posterioemente adaptadas para as HQs por Eddie Campbell. Nas duas discorre sobre idéias daquilo que ele considera ser Magia e do que considera ser arte, para o autor , coisas muito próximas.
Em 1996, lançou seu primeiro romance, "A Voz do Fogo", onde ele conta a história de sua cidade, Northampton, ultilizando personagens desde a Pré-História, até o último capítulo, onde o personagem é o própio autor, na Northampton moderna. Neste livro, o trabalho de pesquisa é evidente, para compor melhor a história , Moore chega a desenvolver um dialeto para um de seus personagens.
Em 1998, finalmente publicou "Do Inferno", quase dez anos depois de seu início, ainda na Taboo. Uma história ainda mais complexa e multifacetada que sua "obra-prima", Watchmen.
Nela vemos a história de "Jack, O estripador", e de toda a Inglaterra vitoriana de uma forma diferente.
Em 1999, Moore criou parar o estudo de Jim Lee, Wildstorm, o selo "American Best Comics (ABC)". A proposta do selo era mostar o que aconteceria com os quadrinhos, caso a grande industria dos Super-heróis não tivesse surgido. Para Moore, as HQs seriam dominadas por antigos personagens da literatura, e por ficção ao estilo pulp.
Neste selo , o autor criou vários de seus melhores trabalhos, como:
- Tom Strong- Uma história ao estilo ficção cientifica da antiga literatura Pulp.
- A liga dos Cavaleiros extrordinários- Uma fanfic, com personagens famosos da literatura ficional.
- Promethea- Uma ode a magia antiga e a mitológia e a tudo que arte pode representar nos quadrinhos, seu trabalho mais experiemntal e psicodélico.
- Top Ten- Uma cidade criada e ocupada apenas por super-seres.
- Tomorrow Stories- uma série composta por quatro títulos, "Greyshirt", "Cobweb", "The First American" e "Jack B. Quick".
Em 2001, a obra de moore ganhou sua primeira adaptação cinemátográfica, com "Do Inferno", depois disso, as adaptações continuaram com "A liga Extraordinária" em 2003, "V de Vingança" em 2006 e "Watchmen" neste ano de 2008.
Moore nunca aprovou nenhuma adaptação, para ele, suas obras funcionam somente nas HQs.
Declarou em entrevista a revista Trip, sobre o filme V de Vingança:
"Huum... Não, na verdade. Eu não vi o filme. Diante desse comportamento das pessoas que fizeram V de Vingança, do comportamento da Warner Bros, eu decidi largar mão da obra, que, aliás, não me pertence, é da DC Comics [que é propriedade da Warner]. Eu estou simplesmente tão cansado, tão doente com a indústria de quadrinhos norte-americana e com o jeito com que eles tratam os criadores... Esse povo, você precisa entender isso, eles não têm talento algum. Eles não têm nenhum talento criativo. Eles tratam os autores como gado. É uma relação parasítica. O jeito como lidam com os escritores e os desenhistas... Terrível. São como parasitas em cima do talento dos criadores. Isso foi algo com que lidei durante muito tempo, em diferentes níveis, na minha carreira. E com esse tratamento que recebi durante a feitura do filme desisti de uma vez por todas da indústria de quadrinhos norte-americana. E é ótimo. Eu me sinto muito bem por ter deixado tudo isso para trás."
Ironicamente, o estudio Wildstorm e seu selo ABC, foram vendidos para DC, o que o forçou a voltar a trabalhar para editora, abandondo-a de vez, somente neste ano, depois de lançar "The black Dossier", um volume intermediario ente o Vol.2 e 3 da Liga extraordinária.
Lançou, pela editora Top Shelf, o livro Lost Girls, uma pronagrafia em quadrinhos, desenhada por sua esposa, Melinda Gebbie. Neste trabalho Moore ultiliza personagens famosos da literatura infantil. Um de seus trabalhos mais polêmicos.
Os próximos trabalhos de Moore incluem o Vol. 3 da Liga, com a inusitada e incrível idéia de criar um músical em quadrinhos.
Um livro, escrito em parceria com Steve Moore, chamado "The moon and serpent bumper Book of Magic", sobre magia.
Enfim, a colaboração e obra de Alan Moore para a nona arte é inegavel, ele pode não ser o maior roteirista de todos os tempos, mas influenciou e influencia o mercado de HQs, seja ele industrial ou independente.
Devemos coloca-lo sim em um pedestal, porém ao lado de outros grandes autores, que ele própio admira.
Espero que tenham gostado deste "pequeno" dossiê sobre este grande autor das HQs.
Bibliografia:
- Livro: Portrait of an extraordinary gentleman - Gary Spencer Millidge
- Biografia Alan Moore- Omelete.com.br
- Grandes Iniciados- Alan Moore
- Revista Trip entrevista Alan Moore
- Site: Alan Moore - O senhor do Caos
- Omelete entrevista Alan Moore
- Documentário: The mindscape of Alan moore
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
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