quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

C&C: Ônibus




Todos os dias saio de casa no mesmo horário para pegar o mesmo ônibus, que é dirigido pelo mesmo motorista há dez anos.
Nestes últimos dez anos pouca coisa mudou, ainda moro no mesmo lugar e faço o mesmo caminho pra chegar no ponto de ônibus, onde espero cerca de 15 minutos até a chegada do mesmo e geralmente sobem ao veículo eu e uma sipática senhora para a qual nunca disse oi; Dez anos.

A passgem do transporte público aumentou bastante nos últimos tempos, mas meu salário ainda é sulficiente e como embarco no ônibus num dos primeiros pontos, ele está vazio e eu posso me sentar, sendo assim recompensado pelo gasto.

Quando comecei neste emprego, eu me sentava perto de outras pessoas e passava a viagem inteira tentando ouvir do que elas falavam, mas dificilmente compreendia tudo. Cheguei a ouvir histórias envolvendo brigas familiares, mulheres descobrindo-se grávidas, promoções no emprego, demissões e até coisas sobre roubos e assassinatos, mas provavelmente estava fantasiando.
Hoje em dia, estou cansado de pessoas e procuro me sentar o mais longe possível dos outros ocupantes do veículo, mesmo reparando que a senhora do ponto sempre se senta no fundo do ônibus; nunca quis saber porquê.

Eis que no meio do percurso entra Ela: Linda, maravilhosa, uma verdadeira deusa. É Ela é o motivo de eu pegar o ônibus sempre no mesmo horário e chegar com certa antecedência no escritório. Apenas observo, sendo que nunca falei com ela, mesmo nas poucas vezes em que Ela se sentou ao meu lado.

Conforme o ônibus segue sua trajetória, mais pessoas vão entrando e eu penso sobre o valor da pasagem para aqueles que ficam em pé, deveria ser menor.
Minha falecida mãe me ensinou desde muito jovem a ceder meu lugar para aqueles que precisam, mas quando algum idoso ou deficiente entra no ônibus eu finjo estar dormindo e outro pasageiro recebe a missão de ficar em pé em benefício do próximo.
Algumas vezes os ocupantes ao meu lado tentam "puxar" conversa comigo, mas nunca me importei, já usei o truque do cochilo e até já finji ser surdo pra evitar tais pessoas.

Em certo momento, a lotação é tão grande que Ela desaparece da minha vista e até hoje não sei em que ponto Ela salta do ônibus, apenas sei que é antes do meu destino, ou melhor, Ela fica muito longe do meu destino.

Finalmente chego onde queria, mas mal vejo o dia passar enquanto estou trabalhando e logo estou de volta ao ônibus. Um outro motorista me conduz até minha casa, onde apenas janto, tomo um banho e me deito depois do jornal.
Toda noite em minha cama, fico imaginando como seria minha vida se ela fosse minimamente emocionante, se algo interessante acontecece comigo.

Penso que me falta um pouco de atitude, mas deve ser besteira. Amanhã é outro dia e o ônibus me espera.

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Com este post inauguramos a seção C&C: Contos e Crônicas aqui no Radioativo.

Aqui serão publicados aperiodicamente contos e crônicas de nossa autoria e de outros lugares também, sempre com devido crédito ao autor. Também estão incluidas nesta seção as "Crônicas do Capitão".
Até a próxima!


*Imagem inicial retirada de O patifúndio.

5 comentários:

Anônimo disse...

Blog RIDICULO, ja mandei uma mensagem ao Google pedindo para que retirem do ar este blog. Dentro de uma semana terei a resposta. Mas por favor, facam vocês mesmos, retirem esse blog ridiculo!

Sr.C disse...

Eu também adoro o amor

Série Comentada disse...

Nossa, que legal! Agora os criadores de um blog precisam retirar ele do ar porque UMA pessoa acha ele ridículo...

Isso é que eu chamo de crítica com fundamento!

Google - O criador de tudo disse...

A pedido do sr. Anônimo este blog foi retirado do ar.

Até a próxima! ;)

Paraíba disse...

HUAHSAHUSHUAUHSHUHUSHUAUHSUHAHUSUHASA

FANTÁSTICO!

Sério, adoro criticas que me fazem melhorar (tipo a daquele leitor que me pediu pra falar mais de séries), mas esse cara aí é fantastico!

E outra, não mostrou a cara por que?Tem medo ou nao sabe fazer conta Google?

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