Depois do "Caso dez na área", que ocorreu em São Paulo em Maio e que foi discutido aqui no Radioativo, outros casos parecidos vem ocorrendo em todo Brasil.
O Jornal "Correio do Povo" de Porto Alegre anunciou que a Secretária de Educação do Rio Grande do Sul recolheu das escolas três álbuns de Will Eisner. Os livros "Um contrato com Deus e outras histórias de cortiço", "O Nome do Jogo" e "O Sonhador".
A alegação é de que os três livros contém cenas de sexo e violência e mesmo tendo sido escolhido pelo PNBE e indicado para alunos do ensino médio, a Secretaria estadual afirma que o conteúdo é inadequado para os alunos.
Dizer aqui que a "acusação" é infundada seria óbvio vindo de um fã declarado do grande mestre e revolucionário das Histórias em Quadrinhos, mas o que estamos vendo acontecer por todo o país é uma correria dos governos estaduais em "mostrar serviço", afinal mesmo o Caso do álbum "Dez na área, Um na banheira e Ninguém no Gol" tendo ocorrido em São Paulo, ele repercutiu em todo o país e de repente, as secretárias estaduais de educação, parecem ter começado a se preocupar com os álbums em quadrinhos que estão a disposição em bibliotecas públicas.
A intenção aqui não é dizer que tais orgãos governamentais não fazem seu trabalho da forma que deveriam, pois isto seria exagerar demais e estamos avaliando apenas uma parte do trabalho que é realizado por eles, mas é vísivel o fato de que tais orgãos estão sendo parcialmente hipócritas.
Um aluno de Ensino Médio tem como leitura obrigatória (particularmente recomendada por este que escreve) de livros como "Dom Casmurro" de Machado de Assis e "Primo Basílio" de Eça de Queirós e com estes livros tem contato com histórias que tratam de muitos temas, entre eles o sexo e a violência.
Longe de mim querer comparar grandes obras da literatura nacional com "simples gibis", mas a avaliação do conteúdo dos álbuns de Eisner foi feita inegávelmente de maneira errada ou, no mínimo, parcialmente errada.
Os albúns em questão tratam do cotidiano de pessoas e de histórias que o própio Eisner viu e ouviu (ou mesmo viveu no caso de "O Sonhador") e que são contadas de forma a mostrar o que o ser humano tem de melhor e pior. Nos tempos em que vivemos, os contos de Will Eisner são importantes e devem ser estudados, seja por adolescentes ou adultos.
Por isso acredito no erro do Governo do RS em proibir tais edições no acervo das escolas públicas.
Esta decisão deve ser avaliada melhor daqui pra frente, no intuito de realmente melhorar a educação dos alunos e não de privá-los de obras que não só são revolucionárias e importantes em seu meio, como transcendem tal fato e podem ensinar lições que não se encontram em nenhum livro didático.
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