terça-feira, 26 de maio de 2009

Caso "Dez na área" - Uma nova discussão


Para quem ainda não está totalmente interado sobre o caso, segue um pequeno resumo abaixo:



O Álbum "Dez na área, Um na banheira e ninguém no Gol", lançado em 2002 pela editora Via Lettera, teve cerca de 1220 exemplares comprados pelo governo do estado de São paulo, para distribuição em escolas públicas, como parte do programa de incentivo a leitura do governo estadual. Entretanro, o comitê da secretária de avaliação cometeu o equivoco de enviar os álbuns para crianaças da 3º série do ensino fundamental, sem reparar que a HQ continha palavrões e insinuações sexuais em algumas de suas histórias.
O jornal "A Folha de S. Paulo" publicou na terça, dia 19, uma matéria criticando a distribuição do gibi nas escolas, causando comoção geral na mídia. O governo tomou a decisão de recolher o livro das escolas e o Governador José Serra tentou se explicar em entrevista ao vivo no jornal da rede Globo de TV, o SPTV, onde deu um polêmica declaração, dizendo que o álbum era "de muito mal gosto", "os desenhos e tudo". Em suma, colocando toda a culpa na HQ, cujo os autores já declaram muitas vezes ter sido produzida para adolescentes e adultos, com histórias mostrando a influência do futebol na nossa sociedade. O caso causou reboliço na mídia especializada e alcançou a mídia como um todo, mostrando que o sistema de seleção e classificação do material escolar é ineficiente.
Muitos autores famosos fizeram comentários sobre o tema.




Toda a história que está resumida no parágrafo acima foi extensamente dicutida e comentada em diversos sites, especializados em comics ou não, chegando a ter a tag #deznaaerea como uma das mais ultilizadas naquele dia no Twitter. No entanto, o caso abre uma nova (porém antiga) discussão:
A ultilização dos quadrinhos na educação.

Se todo este caso trouxe algo de bom, é a provavel mudança no sistema de seleção dos livros que seram direcionados as crianças futuramente. É complicado afirmar que os responsáveis pela aprovação de "Dez na área..." não tenham lido a obra (declaração extrema que alguns roteirista e desenhistas tomaram como verdadeira), mas é fato que o livro não foi bem avaliado. Aí entra uma coisa que deve mudar com relação as HQs, sua imediata ligação com o universo infantil.

É óbvio que, assim como na literatura e em diversas outras artes, que os quadrinhos tem diversas obras infantis, mas este não é, definitivamente, seu único nicho. Este "pré-conceito" para com as HQs, com certeza influênciou na decisão da comissão que aprovou o álbum da Via Lettera para ser distribuído nas escolas. Este aspecto está muito bem explorado no artigo intitulado "O óbvio: Quadrinhos não são pra crianças" de autoria de Paulo Ramos (do Blog dos Quadrinhos) e Waldomiro Vergueiro (autor do livro " Como usar as Histórias em Quadrinhos na sala de aula"), publicado na edição de sexta-feira (22) na "Folha de S. Paulo".


Com este problema eliminado, podemos finalmente entrar na discussão proposta no ínicio do texto. Os quadrinhos alcaçaram o "status de literatura" muito recentemente, apenas em 2006 o PNBE (programa de incentivo a leitura do governo federal) incluiu quadrinhos no catálogo de livros.

Com os acontecimentos recentes e a polêmica causado pelo "Caso Dez na área", o papel pedagógico das HQs fica confuso para pessoas que não acompnham mídia especilizada na área. Para os pais e professores que não conhecem ou ainda tem algum tipo de preconceitos com os comics, As Histórias em Quadrinhos não tem nenhum papel na educação das crianças, principalmente se este conter palavrões.

É necessário mostrar que neste caso houve um enorme equivoco por parte do governo e saber que se o álbum, editado por Orlando, fosse distribuído para adolescentes ou adultos ele caberia perfeitamente em uma aula sobre a influência do futebol no Brasil, um esporte tão conhecido e adimirado, porém pouco discutido.

É bom ressaltar que as HQs tem um incrível poder pedagógico e que são excelentes portas para o incentivo a leitura. O livro "Dez na área, um na banheira e ninguém no Gol" passa longe da definição dada pelo governador de S. Paulo. Um trabalho muito bom que mostra muito bem as influências do "esporte nacional" na sociedade moderna, conta com prefácio do jogador Tostão e com histórias de autores que estavam dispontando em 2002 e hoje já são consagrados no meio, além de vários artistas bem conhecidos.

Vale muito a pena ser lido, muito mais agora! Merece ser lido, recomendado e discutido com pessoas que não são leitors frequentes de HQs.

Portanto, a discussão está aberta:
As HQs ainda teram espaço nas escolas depois deste caso?
A seleção de livros da Secretária de educação vai realmente tomar medidas para crianças de 9 anos não sejam mais expostas a livros e HQs para adultos?


* A tira publicada no ínico do post é do Bira, clique para aumentar.

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