sábado, 27 de junho de 2009

Mauricio de Sousa Parte 1 - Inspiração Paterna




Antes de sabermos como foi o nascimento e a infância de Mauricio de Sousa devemos saber que seu pai era um artista, além de trabalhar em uma barbearia, Antônio Mauricio de Sousa também era escritor, poeta, pintor e trabalhou como radialista nos anos dourados do rádio no Brasil, enfim, só era barbeiro porque sua mãe insistia que ele tivesse "uma profissão de verdade" e pagou para que Antônio aprendesse a cortar cabelos, além de montar um salão para o filho.
A mãe de Mauricio, Petronilha Araújo de Sousa era poetisa e foi graças a seus pais que Mauricio aprendeu a ser artista.

Mauricio nasceu em 27 de Outubro de 1935, em Santa Isabel, no interior de São Paulo. No fim dos anos 30 sua família se mudou para Mogi das Cruzes, onde sua vó Benedita morava e foi com a "Vó Dita" (inspiração para criação da Vó Dita das histórias do Chico Bento) que ele aprendeu a contar histórias, antes mesmo de saber ler, Mauricio adorava as histórias de sua vó. Ele aprendeu a ler aos seis anos de idade e desde então não parou mais.
Mesmo ainda lendo mal, Mauricio procurava histórias e cartas em todos os lugares e foi aí que encontrou nas coisas de seu pai alguns contos eróticos que este publicava, obviamente não entendeu nada do que ali estava escrito, mas seu interesse pela leitura só aumentava.

Na década de 40, Mauricio ainda era pequeno mas já "trabalhava" fazendo alguns bicos para seu pai e foi ai que Mauricio conheceu a música. Além de trabalhar em rádios seu pai sempre se reunia com amigos seresteiros em uma casa funerária perto de sua casa para cantar durante a noite, Mauricio aprendeu a tocar com seu pai e, de acordo com o própio Mauricio, foi devido a esses encontros que ele perdeu o medo de assombrações e cemitérios, o que o levaria muitos anos depois a criar a Turma do Penadinho.




Mesmo com as escolas da época dizendo que os "gibis" eram más influências para crianças, Antônio sempre presenteava o pequeno Mauricio com as publicações de Roberto Marinho como o "Globo Juvenil", por exemplo, além da resvita "O Tico-Tico" e foi nos quadrinhos e balões daquelas publicações que Mauricio enxergava seu futuro, seus heróis de papel o divertiam e influenciavam, foi nesta época que ele conheceu o trabalho de Will Eisner com O "Spirit" (ou "O Espírito"), a quem Mauricio atribui até hoje seus ensinamentos nas HQs.

Mauricio começou a desenhar, fazia caricaturas de professores e as vezes ilustrava os contos de seu pai (não os pornograficos, obviamente), até que começou a desenhar para o jornal "Mogi Esporitvo" onde fazia caricaturas de jogadores e desenhava os símbolos e brasões dos times. Quando Antônio viu que seu filho podia ganhar a vida com os desenhos, logo lhe passou lições importantes, não só de desenho e pintura, mas de negócios, mostrando a seu filho que ele deveria saber cobrar pelos seus serviços.

Mauricio criou seu primeiro personagem no fim dos anos 40, "O Capitão Picolé" surgiu em um "cineminha" que o própio Mauricio improvisou nos fundos de sua casa para entreter as crianças menores. Foi as 19 anos que ele se mudou para São Paulo, onde ajudou seu pai na Rádio Cruzeiro do Sul, uma das mais importantes da época, ao mesmo tempo e que batia na porta de diversos jornais com seus desenhos procurando uma forma de trabalhar como desenhista profissional.

Seus desenhos foram rejeitados na maioria dos jornais em que ele se arriscava, até que em 1954 ele mostrou seus desenhos na redação do jornal "Folha da Manhã", onde também foi rejeitado como desenhista mas obteve a oportunidade de trabalhar como repórter investigativo. Conseguiu uma roupa inspirada em Dick Tracy e comaçou a fazer plantões junto a polícia, o diferencial era que suas reportagens eram feitas em forma de quadrinhos e foi graças a boa aceitação deste tipo de matéria que ele receberia a oportunidade de publicar algumas histórias no suplemento juvenil do Jornal.

Veremos como foi a criação de seus personagens e as mudanças que ele causou no mercado editorial na Parte 2, além de muitas outras curiosodades.


Mauricio caracterizado para o trabalho

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