Mal chegamos no meio do ano e eu já vi muitos filmes que eram longamente esperados pela crítica. "Homem de Ferro 2", "Alice no país das maravilhas" (decepcionantemente bobo) e "Robin Hood" (chato ao extremo).
Sem exageros, posso garantir que o melhor que eu ví até agora foi "A Estrada", que é baseado em um romance homônimo de Cormac McCarthy (mesmo autor de "Onde os fracos não tem vez).
O filme é uma poesia gigantescamente cruel. Quer entende-lo? Imagine "2012". Agora tire um punhado de cenas de ação bobas e troque por diálogos inteligentes e momentos de tensão que prendem o espectador de maneira incrível. Pronto, temos "A Estrada", o maior épico sobre o apocalipse do cinema contemporâneo até agora.
Aqui, o fim do mundo não é mostrado. Vemos o que acontece depois dele, como os poucos traços de humanidade vão sumindo, e dando lugar a bestialidade natural que nós temos ao passar por grandes dificuldades.Será que somos capazes de matar nossos filhos para que eles não sofram? Somos capazes de comer outros humanos vivos para não morrer? O que define o "mocinho" e o "bandido"? Essas perguntas são constantes nesse filme. Nunca o lado selvagem do ser humano foi retratado de maneira tão bruta e irracional.
Assim, o filme transcorre sem trama própria, sem objetivo, lembrando um pouco os filmes "malucos" de Kubrick. Mas aqui, a "falta de rumo" tem explicação óbvia: Se o mundo acabasse, em uma visão realista, o seu único objetivo seria sobrevivência imediata e sem lógica mundana.
O australiano John Hillcoat faz da própria sobrevivência uma aventura, e, para retratá-la, se utiliza de poucos personagens. Um pai (Viggo Mortensem) e seu filho (Kodi Smith-McPhee ). Os dois não tem seus nomes retratados e, intragem com pessoas em poucas ocasiões, geralmente curtas. É o tipo de história que não funcionaria em mídia alguma, ou seja, foi moldada para ser uma grande filme.
A fotografia impecável, lembra, inclusive, os desenhos de Steve Epting quando são magistralmente coloridos por Frank D'amarta ( a dupla de arte de "Capitão América"). Cores homogêneas, que mudam pouco no decorrer da história os tons de cinza e preto que passam pela paisagem. Uma estética arriscada em hollywood, mas que funciona aqui perfeitamente. No único momento do filme em que os tons são felizes e claro (um flashback) sentimos um contraste gigantesco, daqueles que geram "luzinhas" em nossos olhos. Era o que a equipe de arte queria, obviamente, nos forçar a entender como a mudança do homem altera a natureza do meio, e vice versa.
Esse flashbacks, aliás, são o ponto chave do filme. Charlize Theron interpreta a mãe (também anônima) que prefere abandonar o filho e o marido a viver naquela situação. Theron mostra uma fúria perante a injustiça da situação tão grande que não tenho medo de falar que ela ofusca Mortensem em inúmeros momentos do filme. Os outros coadjuvantes, embora tenham participação pequena, se saem muito bem também.
Talvez o único problema do filmes esteja nas situações em que os coadjuvante são lançados, que parecem um pouco desconexas se forem colocadas em uma linha de tempo comum. Nada que prejudique um filme fantástico, mas que me impede, pro exemplo, de dar a nota máxima.
Então, fica aqui a dica. Fuja desses blockbusters que prometem revolucionar e no fim são só historinhas inocentes e mamão com açúcar (Alice...). A Estrada é, possivelmente, um dos melhores filmes de 2010 e deve ser visto de imediato!
Nota: 9,8
1 comentários:
Robin Hood é foda, Homem de Ferro 2 deve se, e A Estrada não vi ainda.
:P
Postar um comentário