segunda-feira, 1 de junho de 2009

Contrastes


Existem algumas Histórias em Quadrinhos que conseguem o status de obra de arte, levando em conta que as HQs são uma forma de arte e não apenas de entretenimento, são muitas, mas uma ou outra ainda consgue se destacar. É o caso de Contrastes.

Giancarlo Berardi e Ivo Milazzo são muito conhecidos dos fãs de Fumetti, são os criadores de Ken Parker, mas os dois tem outras interessantes obras que são deveras desconhecidas, mesmo do publico que acompanha a produção dos dois. Constrastes é uma delas.

Constrastes prova que eles são dois dos autores mais versáteis de que se tem notícia, Berardi prova que histórias sem falas são perfeitamente possíveis e aceitáveis e quando são inceridos diálogos, o faz com a destreza de um mestre, enquanto Milazzo mostra como um mesmo traço, pode variar infinitamente. Constrastes mostra logo em sua capa que as histórias ali contidas, são totalmente diferentes entre si, pequenas pérolas que juntas formam uma grande jóia.

Vamos por partes:

- O Hino: Conto que mostra que mesmo as maiores histórias precisam de alguém para contá-las, o que é óbvio, mas poucos tem sensibilidade para perceber. Ultilizando dois dos maiores personagens do cinema, Berardi faz sua versão de um filme do "Gordo e Magro". Milazzo com um traço realista e aquarelado, faz o leitor mergulhar na história, de forma impecável.

- A Conquista do México: História sem diálogos que conta muita história, a "descoberta" da América resumida em poucas páginas. Milazzo com um traço tão realista quanto o da primeira história, porém mais forte e pesado. É nesta história que sua narrativa visual se destaca.

- As sombras chinesas: A história mais densa do álbum, tanto em roteiro quanto em arte. A compreenssão da história não é fácil, mas quando se entende, percebe-se a genialidade dos autores.

- Superfly: Um tom nostálgico, um humor pastelão, que lembra os desenhos animados. Nostálgia e humor também estavam presentes em "O Hino", e é por isso que se percebe como um mesmo estilo pode assumir diferentes constrastes. Milazzo também assume um traço desconexo com o restante do álbum, psicodélico em certos quadros, belo em todos os momentos.

- Triiiim: Não tem título, não tem ínicio e , deliciosamente, não tem fim. Uma HQ que transcende o modo de se fazer uma HQ. Mais uma vez Berardi se abstém dos diálogos, deixando espaço para a excelente narrativa gráfica de Milazzo, que faz o leitor se tornar um Voyeur, assim como o própio Milazzo se torna um. Linda!

Enfim, as histórias são curtas, vinte minutos de leitura que ficaram marcados em sua mente durante um bom tempo. Um eterno convite a releitura.
Se existe um porém na edição brasileira, é o prefácio que se adequaria melhor se fosse um pósfacio, mas nada disso pode tirar o brilho de Contrastes.

Essa edição foi lançado em 2003 pela Opera Graphica, mas pode ser encontrada com certa facilidade em comic shops e livrarias.

Contrastes - Editora Opera Graphica - 2003 - R$ 21,00

PS: Agradecimento especial ao Capitão Brasil, que me recomendou este álbum.

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