domingo, 15 de fevereiro de 2009

Crônicas do Capitão

Seguindo a onda de estreia de colunas ("Eletronicamente falando" por Inconformado)eu, o Capitão Brasil, começo esta coluna onde escreverei pequenas histórias, que podem ser divididas em um ou dois posts.

A coluna vai ao ar todo o fim de semana (sábado ou domingo), então se liguem!


O mestre e o baiano.(parte 1)
No bairro do Cabula 7 (não confundir com o 6, por favor), jovem rapaz perambulava, aproveitando que era dia de carnaval, e os marginais estavam todos no meio da folia, esperando que alguma turista carioca, cansada dos velhos carnavais e das velhas escolas de samba, dê "mole" com a sua carteira e a sua infinidade de jóias.

Além disso, aproveitava para ir a até a UFBA.
"A pé até a UFBA? Esse cara é um atleta rapá!"

Pergunta você, bom leitor que conhece a "leve" distancia entre o bairro do Cabula 7 e a universidade federal da Bahia.

O fato é que aquele jovem, que cursava o terceiro ano da faculdade de educação física, estava sem dinheiro.

Aliás, não havia um dia em que Fábio da Costa Santos tivesse o "vil metal" em seus cansados e remendados bolsos.

Sempre fora menino estudioso e prestativo, mas pobre de dar dó.

O fato de ter passado pelo vestibular da UFBA fez com o vizinho Jadónildo (cabra da moléstia), único ser com algum dinheiro naquela rua, soltasse fogos de artificio por ele ter passado na universidade, e olha que Jadónildo era pão-duro, duro não, durissimo!

Mas aquele dia era um dia especial, mesmo não tendo 0,50 centavos no bolso, Fábio havia sido convocado para uma reunião extraórdinaria (órdinaria no bairro do Cabula 7 é outra coisa) com os professores de mais alto grau e prestigio e com Aristídes Taumaturgo Oliveira (ô nomezinho complicado em fio?), reitor da UFBA, respeitado pelo Brasil inteiro, mesmo que a universidade não seja tão respeitada assim.

Então, lá ia Fábio, em pleno dia de carnaval baiano, cruzar todo o bairro do cabula 7, parar no terreiro onde ele nasceu, pedir bença pra mãe de santo, gritar "Bora Bahêêêêa!" pra primeira bandeira do seu "glorioso" time que ele havia visto, e seguir andando, aproveitar que estava em forma e aguentar a caminhada.

Quando finalmente chegou no Campus de Educação Física da UFBA (0:30 minutos atrasado) foi recebido com toda a pompa e circunstancia que ele NÃO merecia.

Isso gerou certo estranhamento entre ele e os 14 membros da grande mesa retangular encontrada no meio da sala que o esperava.

Na ponta da mesa (Vai pagar a conta!) estava o Professor Aristides, esperando, com sua pança gigantesca quase rasgando o seu terno, seu bigode estilo Adolf Hitler, e seu pouco cabelo tão bem penteado que parece um chapinha (ui santa!), em volta dele, milhares de académicos, um com a feição mais estranhada e afetada que o outro.

Fábio sentou-se na outra ponta da mesa, com suas chinelas "Havaianas" e seu figurino importado (do Paraguai) esperando que anunciassem o que ele esperava que anunciassem.Ou seja, nada.

Então, o professor, começo a falar:

-Aluno Fábio da Costa Santos, qual a sua idade?

-21

-Qual a sua média financeira mensal?

-Xiiiii...olha, eu sou orfão de pai e mãe, não tenho emprego fixo, faço uns bi...

-Entendi, menos que um salário mínimo, pois então parabéns garoto!

-Oxi!Parabéns por que?

-Você atende as exigências do mestre Fulgencio Ferreira, amanhã, as 15:00, esteja no aeroporto Luís Eduardo Magalhães, com este bilhete (entrega um envelope para Fábio), onde você embarcará para a capital da Mauritânia, no meio do deserto do Saara ocidental, onde será aluno deste renomado académico por 3 anos, meus parabéns!

Fábio estranhou, essa história tava com cara de pegadinha.Como era educado (até demais), apertou a mão do professor e saiu estupefato com o que acabara de acontecer.

Ele gosta da Bahia, gostada da malandragem, do candomblé, do acarajé com pimenta (quando tinha dinheiro), da faculdade, da preguiça, do carnaval.

Ficou a noite inteira pensando se ia ou não para lá.

Mas aí pensou na pobreza, pensou na mãe e no pai morto, pensou na vida anti-social pela falta de dinheiro, pensou no futuro e na falta de oportunidades.

Depois pensou na maneira como aquilo tinha sido anunciado a ele, pensou se foi daquele jeito mesmo ou se ele tinha alucinado, pensou se aquilo não era gozação, ou se ele tava maluco e ia pagar mico no aeroporto internacional.

Aí, pensou em uma moqueca de camarão com bastante dendê, por que tava com fome pra c#%#.

CONTINUA.

1 comentários:

Doutor Radioativo disse...

Boa iniciativa e, pelo menos o inicio da história é boa, vou acompanhar!!!!

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